De onde vem nosso vício pelas redes sociais? Porque muitas pessoas simplesmente não conseguem passar sequer alguns minutos sem verificar as notificações do smartphone? O que nos motiva a postar textos, imagens, curtir publicações de amigos, dar opiniões ou até mesmo morrer por um selfie?
Na década de 50, o escritor e psicólogo Frederic Skinner formulou o conceito de “Condicionamento Operante”. Ele dizia que as consequências de um comportamento podem influenciar a probabilidade de ele ocorrer novamente, sejam elas agradáveis ou desagradáveis. Respostas agradáveis que gerem mais reforço tendem a ser repetidas em um contexto semelhante.
Um experimento muito interessante, a famosa “Caixa de Skinner” – uma caixa pequena onde um animal é colocado dentro e através de uma abertura é controlada a recompensa de alimento – mostra como é possível modelar comportamentos através do Condicionamento Operante.
E as redes sociais podem viciar?
Hoje os estudos de Skinner são uma das bases principais da psicologia comportamental que também busca entender e encontrar soluções para um problema tão atual mas que já afeta milhares (se não milhões) de pessoas: o vício nas redes sociais. Então vamos analisar o comportamento dos usuários a partir do conceito de Skinner.
Postar coisas nas redes sociais – sejam elas textos, imagens, vídeos – geram respostas agradáveis (reforço) representadas através de notificações em uma interface gráfica ou de alertas sonoros em seu smartphone. E quanto mais esse reforço é repetido em um intervalo de tempo cada vez mais curto, mais cria-se um comportamento vicioso.
“Quando consideramos uma experiência prazerosa, isso aciona uma série de processos com diferentes manifestações ao longo do tempo:
a) nós gostamos da experiência (a sensação imediata do prazer);
b) nós associamos tanto os sinais sensoriais externos (imagens, sons, odores, etc.) quanto sinais internos (nossos próprios pensamentos e sentimentos na ocasião) com a experiência, e essas associações nos permitem prever como devemos nos comportar para repetir a experiência.
c) atribuímos valor à experiência prazerosa (de pouco prazerosa a muito prazerosa), de forma que no futuro possamos escolher entre diversas experiências prazerosas e decidir quanto empenho estamos dispostos a dedicar e quanto risco estamos dispostos a correr para obtê-las.”David Linden, em seu livro A origem do prazer: como nosso cérebro transforma nossos vícios (e virtudes) em experiências prazerosas.
Logo, quanto mais postamos em um contexto (redes sociais) que traga respostas (reforço), queremos postar para receber mais respostas! E quanto mais rápido melhor! Considere ainda a instantaneidade da internet (vivemos 24 horas conectados), o exibicionismo inato do ser humano (narcisismo), nossa busca incessante por atenção, e nossa necessidade de aceitação social, também inerente ao nosso instinto.
O contrário também é válido. Por exemplo, se você postasse agora no Facebook, e mesmo após um ou dois dias não houvesse nenhuma resposta ou notificação (consequência desagradável), e isto se repetisse com certa uma frequência, haveria o efeito oposto já previsto por Skinner: a extinção do comportamento.

Candy Crush – Jogo no Facebook
Então se você é usuário, fique atento ao seu comportamento. Mas agora você também já sabe a receita infalível para manter os usuários ativos caso queira criar sua própria rede. Um bom exemplo de Condicionamento Operante na área de jogos é o famoso Candy Crush, que se utiliza do mesmo princípio para viciar seus jogadores e mantê-los ativos a longo prazo.
E você já ouviu falar em “Toque Fantasma”? Provavelmente já aconteceu com você: mesmo sem o celular ter tocado, você “ouviu” ele tocando ou vibrando, mas foi uma mera ilusão da sua cabeça. E não é necessário um transtorno grave como a esquizofrenia para que isso aconteça. Pesquisadores estão estudando seriamente este problema, suas origens e principalmente suas consequências psicológicas.
Portanto não podemos apenas culpar as ferramentas por suas consequências sociais, mas sim buscar o controle do nosso comportamento nas diversas atividades do dia a dia. As redes sociais não criaram nada de novo no comportamento humano, apenas potencializaram nossas vulnerabilidades inatas. Até porque é possível viciar o cérebro em qualquer atividade, até mesmo em beber água…