No Palco Lua completamente lotado, Miguel Nicolelis mostrou porque era um dos palestrantes mais esperados da Campus Party Brasil 8 nesta quarta-feira (04). Neurocientista responsável pelo projeto Andar de Novo, que desenvolve uma neuroprótese pioneira, o palmeirense revelou detalhes de sua pesquisa incentivando a criatividade entre os campuseiros. “Nosso DNA de inovação é extremamente rico, tenho muito orgulho de ser cientista brasileiro”, afirmou.
Interface cérebro-máquina
Após contar sobre o início de sua carreira, baseada desde cedo em renomados centros acadêmicos nos Estados Unidos, Nicolelis explicou como foram realizadas as principais etapas de criação da neuroprótese, chamada de ‘exoesqueleto’. Nicolelis lidera um grupo de 30 pesquisadores do Centro de Neuroengenharia da Duke University, que utiliza ferramentas da robótica e da neuroengenharia para desenvolver próteses capazes de restaurar a mobilidade de pacientes que sofreram traumas ou degeneração no sistema nervoso central.
Podemos dizer que o exoesqueleto permite o controle de uma máquina com a “força do pensamento”.
Uma demonstração das possibilidades do exoesqueleto aconteceu em 2014, na abertura da Copa do Mundo. O primeiro chute em campo foi dado por Juliano Pinto, de 29 anos, paciente com paraplegia completa do tronco e dos membros inferiores.

Na Arena Corinthians, onde foi dado o primeiro chute da Copa, Nicolelis conseguiu driblar as regras do local e entrou diversas vezes vestindo a cor do rival da casa. “Usava calças e moletons verdes com o nome ‘Brasil’ nas costas, eles tiveram que permitir”, divertiu-se.
O pontapé, uma marco científico repercutido com grande destaque na imprensa internacional, gerou certa polêmica no Brasil por ter sido exibido em poucos segundos em rede nacional. Nicolelis garantiu já ter superado o assunto.
“Não importa o tempo que nos deram ao vivo durante a Copa, temos que focar nos benefícios da nossa pesquisa. Com o exoesqueleto, o paciente recupera sua dignidade”, disse.
Velocidade
Uma dúvida bastante comum sobre o exoesqueleto foi esclarecida pelo cientista durante a apresentação. Afinal, por que o ele se movimenta de forma tão lenta? Por que não pode ter a velocidade normal do ser humano?
A resposta é simples: porque prejudicaria o paciente. “Tivemos que reduzir a velocidade do ‘exo’ em 10 vezes, pois o paciente pode ter uma fratura exposta ou outras complicações. O paciente tetraplégico tem uma grande tendência a osteoporose, ou seja, seus ossos são frágeis e dificilmente resistiriam a movimentos muito bruscos ou intensos”.
NeurosciÊncia no Brasil
Miguel Nicolelis também é um dos responsáveis pela idealização de um instituto de neurosciência no Rio Grande do Norte, sua terra natal. “Construí minha carreira fora do meu país e agora pretendo trazer para perto novas possibilidades para quem deseja atuar na área, precisamos de gente com vontade de inovar. Este será um dos maiores centros que já se viu!”, contou animado sobre a iniciativa.
Gosto de citar Einsten: “só se faz o impossível perseguindo o absurdo”.
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